domingo, setembro 17, 2006

A Passagem das Horas

(...)

"E falta sempre uma coisa, um copo, uma brisa, uma frase,
E a vida dói quanto mais se goza e quanto mais se inventa.

Poder rir, rir, rir despejadamente,
Rir como um copo entornado,
Absolutamente doido só por sentir,
Absolutamente roto por me roçar contra as coisas,
Ferido na boca por morder coisas,
Com as unhas em sangue por me agarrar a coisas,
E depois deêm-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida."

[1916]

Álvaro de Campos


(P)